Teste: Kia Picanto é esperto e recheado, mas preço virou problema

Compacto perdeu custo-benefício ao sofrer o aumento do IPI


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Rodrigo Ribeiro
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Os mais jovens vão se identificar com a cena: sabe quando você está jogando vídeo-game com um amigo e quando a partida está quase ganha ele desliga o console para não perder? Bem, isso aconteceu no setor automotivo, e quem estava ganhando era o Kia Picanto, testado pelo WebMotors em sua versão mais barata.

“Antes do aumento do IPI tínhamos fila de espera de 60 dias”, declarou um concessionário, que não quis se identificar. “Agora vendemos metade do volume da época do lançamento”, afirmou o profissional, que torce por uma melhora com o recente corte no IPI. Mas seria o preço elevado o único ponto fraco do novo Picanto?

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Não é o único, como falaremos a seguir, mas é o maior deles. Se antes da nova geração o Kia Picanto já era um compacto bem equipado, agora o modelo dá um banho na concorrência. De série ele vem com ar-condicionado, direção, trio elétrico, airbag duplo e ABS – sendo que este último sequer é encontrado como opcional no Nissan March, um de seus rivais.

Equipando a concorrência com os mesmos itens (sendo que alguns só o Picanto possui, como o rebatimento elétrico dos retrovisores) o Picanto desbanca a trupe liderada por VW Gol. E quem se dispor a pagar mais encontrará acessórios exclusivos para o segmento, como teto-tolar e LEDs nas lanternas dianteiras e traseiras, além do câmbio automático de quatro marchas.

Nesse aspecto seu rival mais próximo seria o Fiat 500, compacto que não foi prejudicado pelo aumento do IPI (apesar de também ser importado) por ser produzido no México. Porém o Cinquecento é mais potente (1,4L de até 88 cv, contra o 1,0L de até 80 cv do Picanto) e tem espaço interno menor.

O conforto a bordo, aliás, é outro destaque do Picanto. Com teto alto e cofre do motor pequeno (uma das vantagens de se usar um bloco com três cilindros), ele leva com tranquilidade quatro adultos. Quem vai atrás viajará mais folgado do que em um Gol, aproveitando quase o mesmo espaço de um March. A suspensão fica no meio-termo entre dureza e maciez, pendendo mais para o lado mais rígido, como no Ford Fiesta RoCam. O porta-malas fica aquém de todo o segmento, com parcos 200 litros de volume.

O acabamento interno é bom para o segmento, então espere muitos plásticos, mas todos bem encaixados e com textura agradável ao toque. A iluminação do painel branca facilita a leitura e o computador de bordo com opção para recomendar a troca de marcha é ótimo: inteligente, o recurso detecta o estilo de condução e sugere até que as marchas sejam puladas, um dos recursos para economizar combustível.

Glórias do passado

O sistema, acionado através do botão “Eco” no painel, ajuda o motorista que busca o máximo de autonomia dos 35 litros do tanque de combustível e compensa a sede moderada do Picanto quando ele queima etanol. O consumo urbano do modelo aferido pelo WebMotors foi de 8,7 km/l com o biocombustível, melhorando para 12,3 km/l com gasolina. Os índices são bons em relação à concorrência, mas não superam o Picanto anterior, capaz de atingir 15 km/l na cidade com tranquilidade.

Se por um lado o novo Picanto perdeu uma grande virtude do antigo, o motor 1,0L de três cilindros compensa pela evolução técnica. Construído em alumínio e com quatro válvulas por cilindros com variação de abertura, o propulsor não deve nada aos modelos de quatro cilindros, mesmo em vibração. Principal ponto fraco deste tipo de disposição (que também ocorre nas motos), o chacolejo do trem de força é similar ao da concorrência, superando-a de longe no isolamento acústico: mesmo na estrada o silêncio a bordo do Picanto impressiona.

Ronco incomum

Uma das poucas diferenças deste motor se dá pelo ruído, mais “áspero”, se é que é possível descrevê-lo dessa forma. Para quem não gosta de barulho não incomoda e quem adora um ronco esportivo pode se animar conforme o ponteiro do conta-giros sobe até o limite de 6.200 rpm. Mas não chega a inspirar uma pegada esportiva.

Apesar do câmbio manual ter engates precisos, o compacto exige atenção em ultrapassagens, pois se o motor é um dos mais potentes do segmento, ele também é um dos mais pesados. A Kia não divulga dados de desempenho, mas a imprensa especializada mensurou o 0 a 100 km/h na casa dos 14,5 s. Tão rápido (ou lento) quanto à concorrência, mas com um consumo menor.

Os gastos com seguro também serão inferiores com o compacto. Pouco visado nas ruas, o Picanto tem uma apólice de seguro com valor médio de R$ 1.500 por ano. A contrapartida se dá pela franquia elevada devido às peças importadas, com média de R$ 2.600. O perfil utilizado na cotação do WebMotors Seguro Auto foi de um homem de 40 anos, casado e residente em São Paulo.

Paciência urbana

Ao final da avaliação, o Picanto se mostrou merecedor da garagem de alguém que busca um carro exclusivamente para condução urbana e que seja razoavelmente calmo para tolerar o desempenho moderado e o porta-malas pequeno. O preço elevado assustará no começo, mas os gastos menores durante o uso do carro e a garantia de cinco anos compensam o investimento inicial, ainda que as revisões com preços tabelados não tenha emplacado totalmente na rede Kia.

Confira também nosso teste em vídeo:

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FICHA TÉCNICA: Kia Picanto 1,0L

Motor Três cilindros em linha, dianteiro, transversal, 12 válvulas, 998 cm³
Potência 77 cv (gasolina) / 80 cv (etanol) a 6.200 rpm
Torque 94 Nm / 9,6 kgfm (gasolina) - 100 Nm / 10,2 kgfm (etanol) a 4.500 rpm
Câmbio Manual, com cinco marchas (automático de quatro marchas opcional)
Tração Dianteira
Direção Por pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
Rodas Dianteiras e traseiras em aro 14” de liga-leve
Pneus Dianteiros e traseiros 165/60 R14
Comprimento 3,60 m
Altura 1.49 m
Largura 1,60 m
Entre-eixos 2,39 m
Porta-malas 200 l
Peso (em ordem de marcha) 940 kg
Tanque 35 l
Suspensão Dianteira independente, tipo McPherson; traseira dependente, tipo eixo de torção
Freios Disco ventilado na dianteira e tambor na traseira
Preço R$ 38.903


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