Teste: Jeep Wrangler Unlimited Sport adiciona duas portas à receita off-road

Utilitário ganha espaço extra sem perder a boa aptidão ao fora de estrada


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Rodrigo Ribeiro
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- Antes de começar uma avaliação, sempre procuro comparar o carro com uma situação cotidiana, contando uma breve história. Chamado de “nariz de cera” no jornalismo, esse recurso é amplamente usado por revistas, mas raro de se ver em sites e quase proibido nos jornais. Neste último, o texto geralmente contém o lead, que explica rapidamente ao leitor, logo no primeiro parágrafo, a cinco questões: Quem?, Como?, Quando?, Onde? e Por quê? Bem, para falar do Jeep Wrangler Unlimited, vou ser como o carro: sem firulas e direto ao ponto.

Quem?
Com herança genética do Jeep Willys, o Wrangler não esconde a quê se destina: trilhas off-road. Esqueça os diversos sistemas eletrônicos de um Land Rover ou uma moderna tração integral de um SUV com rodas grandes e pneus exclusivos para o asfalto. Tudo o que equipa o Wrangler é voltado para colocar o carro na lama.

O carro oferece conforto, claro. Direção hidráulica, ar-condicionado, vidros e travas elétricas e câmbio automático de quatro marchas ajudam na condução diária do jipe. Sim, “jipe” porque seu lado rústico fica claro nos espelhos com regulagem manual externa usando os dedos para empurrar o vidro e nas cordas que limitam os movimentos das portas, similares às usadas em um conhecido clássico nacional.

Se comparado com seus principais concorrentes diretos, Land Rover Defender, Troller T4 e TAC Stark, o Wrangler cuida bem de seus ocupantes. Com a nova versão de quatro portas agora disponível no Brasil, a praticidade do Jeep aumenta na cidade e, por tabela, permite à família descobrir que o lado jipe pode ser útil na vida urbana.

Como?
Muito dono de SUV sequer deve saber de sua existência, mas a marcha reduzida é um recurso muito útil em trilhas, multiplicando a força do motor e permitindo a saída de grandes atoleiros. Acionada por uma dura alavanca manual porque botão eletrônico é luxo desnecessário, a reduzida do Wrangler mostrou sua capacidade em uma íngreme ladeira na Zona Norte de São Paulo. Em modo 4x2 e 4x4 o Wrangler mostrou ter força para subir com os seus 2.540 kg morro acima, mas com uma boa dose de esforço dos 199 cv do motor V6 de 3,8 litros.

Contudo, bastou acionar a reduzida para o Jeep mostrar fôlego de caminhão, com direito a fortes oscilações nas cabeças dos passageiros a cada leve pisada no acelerador. Como no modo 4x4, a reduzida só pode ser usada em pisos irregulares a baixas velocidades ou com o volante reto. Em trânsito normal, é obrigatório o uso do 4x2, sob o risco de danificar os pneus e transmissão.

Outra característica voltada para as trilhas que pode ser usada na cidade é a capota rígida removível. Com um pouco de paciência e o auxílio de duas pessoas, as três peças que compõe o teto de fibra de vidro podem ser retiradas, restando apenas a estrutura tubular e a capota de lona, que pode ficar recolhida em dias de sol. Bom para curtir a natureza em uma trilha ou para ver e ser visto na cidade. As portas também podem ser removidas, mas, para evitar multas, só fora do asfalto.

Quando?
Bem, levar o Wrangler para trilha não demanda muito tempo de raciocínio. Os pneus Goodyear Wrangler 275/40 R17 tem boa aptidão para enfrentar lama sem serem ruidosos na cidade. Porém certifique-se de que haverá postos de gasolina pelo caminho, ou leve alguns galões suplementares. Com o consumo urbano médio de 5,1 km/l medido pelo WebMotors, o risco de ficar a pé no meio de uma selva fechada não é pequeno. O tanque de 70,4 litros dá autonomia de parcos 360 km.

Porém a restrição imposta pelo Wrangler na trilha fica apenas no combustível. Com uma robusta suspensão de eixo rígido nos dois eixos montados em um chassi, o Jeep não faz concessões às frescuras urbanas. O sistema transmite a maior parte das imperfeições do solo para os ocupantes, mas aguenta trancos que desmontariam um moderno sistema multibraço. Os paralamas e parachoques avantajados prejudicam as manobras, mas são resistentes a impactos.

Calma, o Jeep também não é um trator. Rodando em asfalto liso, o Wrangler é silencioso e confortável, até. A modulação dos freios é ruim, necessitando de uma pressão maior no pedal para estancar o carro. Contudo, basta de acostumar para perceber que o sistema a disco nas quatro rodas com ABS é suficiente. Em curvas a direção pouco direta e a grande altura 1,86 m fazem o controle de estabilidade ser acionado facilmente.

Onde?
Em um acesso para uma ponte, por exemplo. Ah, sim, onde comprar? Bem, em qualquer um dos 39 concessionários da marca no Brasil. A versão Unlimited de quatro portas, igual à testada, tem preço sugerido de R$ 129.900, enquanto a carroceria duas portas é oferecida por R$ 110.900. Mas atenção: os preços se referem ao modelo 2010, diferente da versão 2011, que passou por alterações internas e externas.

Com previsão de chegada ao Brasil assim que acabar os estoques do Wrangler 2010, a versão 2011 mudou pouco externamente, com os faróis de neblina saindo das extremidades e indo para a parte central do para-choque. O interior, contudo, foi profundamente reformulado, ganhando ar-condicionado digital, volante multifunção e rádio com tela sensível ao toque. Outro luxo que será oferecido são os retrovisores e bancos elétricos. As mudanças são bem-vindas, mas contrariam um pouco a proposta do Wrangler.

Por quê?
Este Jeep leva à risca o cognato com o nome de seu fabricante. Com poucas aberturas ao conforto, ele é feito para meter na lama sem dó. No site da filial brasileira, o “acabamento interno removível” e “pontos de drenagem no assoalho” são alguns dos destaques do carro. Ou seja, é um off-road bruto, para deixar imundo no final de semana e lavar com uma mangueira após a trilha. Mas os novos apetrechos que virão por aí adicionam um conforto que, no Wrangler, parece fora do contexto.

Não que isso seja ruim. Na verdade, é pouco provável que um dos 113 proprietários até a publicação desta matéria, segundo a FENABRAVE que compraram o Wrangler este ano coloquem o carro na terra. Apesar de ser capaz de fazer isso sem voltar para a garagem repleto de riscos e peças quebradas, o território do Wrangler será majoritariamente urbano. Mas isso será por opção do dono, porque o carro deixa bem claro do que é capaz – e sem frescura.

Jeep Wrangler Unlimited 2010

Motor Seis cilindros em "V", dianteiro, longitudinal, 12 válvulas, 3.778 cm³
Potência 199 cv gasolina a 5.000 rpm
Torque 315 Nm / 32,1 kgfm gasolina a 4.000 rpm
Câmbio Automático, com quatro marchas
Tração 4x4, com reduzida
Direção Com esferas recirculantes e rosca-sem-fim, com assistência hidráulica
Rodas Dianteiras e traseiras em aro 17” de liga-leve
Pneus Dianteiros e traseiros 255/75 R17
Comprimento 4,75 m
Altura 1,84 m
Largura 1,87 m
Entre-eixos 2,95 m
Porta-malas n/d
Peso em ordem de marcha 2.055 kg
Tanque 67 l
Suspensão Dianteira e traseira dependente, tipo eixo de torção, com barra estabilizadora
Freios Disco ventilado na dianteira e disco sólido na traseira
Preço R$ 129.900


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