Tem um dos melhores espaços interno da categoria, entrega um desempenho equilibrado entre eficiência (consumo de combustível) e performance - especialmente na cidade - e apresenta um custo-benefício que salta aos olhos.
Existem modelos que conquistam logo na primeira troca de olhares. Outros, no entanto, precisam de tempo para seduzir. Necessitam ‘cair na rotina’ para se tornarem atraente. Este é o caso do Nissan Kicks em sua versão intermediária SV Limited, que parte de R$ 84.900 – R$ 7.000 menos que a opção topo de linha SL. A garantia de fábrica é de 3 anos, sem limite de quilometragem.
Não cabe a mim discutir se o Kicks é bonito ou não. Gosto é gosto, e cada um tem o seu. Eu, particularmente, acho o Nissan interessante, apesar de ter um desenho que segue as linhas dos utilitários esportivos japoneses. Seu design cheio de vincos e ângulos me apetece, devo admitir. Mas o que faz do Kicks ser um bom partido são outros atributos...
E o principal é o custo-benefício. Consegue, diante da concorrência, entregar um bom pacote de equipamentos de série pelo o que cobra. Estou falando de ar-condicionado automático digital, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, faróis de neblina, central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque, rádio CD player com MP3, entrada USB e conexão Bluetooth, alarme, vidros, travas e espelhos retrovisores elétricos, ISOFIX para fixação da cadeirinha de criança, airbag duplo frontal, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), encosto de cabeça e cinto de três pontos para os ocupantes do banco traseiro. Resumindo: é bastante completinho.
Ficou faltando um controlado e limitador de velocidade, e revestimento dos bancos em couro. O único opcional disponível é a pintura, que pode custar R$ 1.350 a mais – é o caso deste marrom, que a Nissan chama de Cinza Rust.
O interior também é espaçoso. É um dos maiores da categoria – neste quesito, o recém-lançado Renault Captur está um passo à frente. Tem exatamente os 4,29 metros de comprimento do HR-V, e 2,62 metros de distância entre os eixos – 1 centímetro a mais que o Honda. O porta-malas tem 432 litros, somente 5 litros a menos que o concorrente japonês. Quem viaja no banco traseiro não enfrenta problemas com joelho, ombro ou cabeça, e abriga muito bem a cadeirinha de criança.
A posição ao volante (multifuncional e revestido com couro) também é boa, sendo um pouco mais elevada em comparação ao do HR-V, transmitindo a sensação de estar em um SUV. Há ajuste de altura do banco, e regulagens de altura e profundidade da coluna de direção. É questão de segundos para ‘vestir’ o Nissan Kicks.
O acabamento é extremamente sóbrio – algo comum em modelos de marcas nipônicas. O que é bom. Não salta aos olhos pelo requinte, mas não peca com peças mal encaixadas ou rebarbas aparentes. Tudo é na medida. Os bancos são em tecido, o mesmo material que reveste o painel das portas. Há vários porta-trecos, o que no dia a dia faz a diferença – para mim, por exemplo, que carrego a casa dentro do carro, ajuda bastante.
Uma característica exclusiva do Kicks é o painel de instrumentos. Diferente dos demais. Enquanto o velocímetro analógico está do lado direito, do esquerdo está uma tela em HD que permite visualizar até 12 funções, entre elas o conta-giros, consumo, configurações do veículo, informações do GPS da central multimídia, entre outros.
O Kicks também conquista à medida que se anda com ele, especialmente na cidade. O motor 1.6 16V Flex casa muito bem com esta transmissão automática CVT. É uma relação extremamente equilibrada, o que acaba proporcionando conforto. Com 114 cv – está longe de ser um dos mais potente da categoria – e 15,5 kgf.m de torque (4.000 rpm), o Nissan é sim esperto nas saídas e retomadas. E muito se deve aos seus 1.133 kg, o que o faz um dos mais leves do segmento.
A impressão inicial é que o Nissan Kicks é ‘beberrão’, pois as visitas aos postos de combustível são com frequência um pouco maior. A realidade, porém, é outra. Os níveis de consumo são 'ok', com 8,1 km/l (etanol) e 11,4 km/h (gasolina) no perímetro urbano, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO - poderiam ser melhores se tivesse sistema start-stop. Na estrada os números ficam em 9,6 km/h (etanol) e 13,7 km/l (gasolina). Por isso, a sensação de ser ‘beberrão’ acontece por conta do tamanho do tanque: apenas 41 litros. A concorrência trabalha com compartimentos maiores, com até 55 litros, como a do Creta.
A direção elétrica é extremamente leve para manobras e ganha peso progressivo à medida que a velocidade aumenta. Os controles de tração e estabilidade estão presentes, recurso que o novo Chevrolet Tracker, por exemplo, não oferece sequer como opcional. O Nissan Kicks também tem de série sistemas que atuam no controle do movimento da carroceria por meio de sensores que alertam o freio motor e freio de cada uma das rodas para, em caso de início de descontrole, ajudar o motorista retomar o comando do veículo. No entanto, o bom equilíbrio do SUV faz com que estes recursos raramente entrem em ação – ainda bem!
A ressalva fica por conta dos freios a tambor na traseira, que poderiam ser a disco como na dianteira. A suspensão tem ajuste na medida – independente tipo McPherson com barra estabilizadora na frente e eixo de torção atrás. É firme o suficiente para evitar uma inclinação exagerada da carroceria, mas soft para absorver com competência a buraqueira das ruas e avenidas das ruas brasileiras.
Os custos de seguro do Nissan Kicks ficaram um pouco elevados. O preço médio (homem, 35 anos, casado e com filhos) da apólice ficou em R$ 6.100 e a franquia em R$ 4.750. Já as seis primeiras revisões ficaram com um valor bastante competitivo: R$ 2.994.
12 meses ou 10.000 km
R$ 419,00
24 meses ou 20.000km
R$ 579,00
36 meses ou 30.000 km
R$ 419,00
48 meses ou 40.000 km
R$ 579,00
60 meses ou 50.000 km
R$ 419,00
72 meses ou 60.000 km
R$ 579,00
O Kicks me conquistou aos poucos nos dias em que o testei. É, na minha opinião, a melhor alternativa para aqueles racionais que acham o Honda HR-V ‘caro’ e pouco equipado, e consideram o Jeep Renegade pequeno demais para suas necessidades e meio ‘manco’ na versão com motor 1.8 – especialmente esta versão SV Limited. O Nissan tem espaço interno muito bom (um dos melhores da categoria), preço competitivo, custo-benefício interessante e desempenho extremamente equilibrado entre desempenho e eficiência (consumo de combustível).