Nissan Altima conquista pelo conforto

Rodamos 1.000 km para desvendar o sedã japonês


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Durante o lançamento do Nissan Altima no Brasil, no fim do ano passado, afirmamos que o Altima era um automóvel para tiozões exigentes. Causamos a ira de alguns dos nossos leitores com tal afirmação. Destacaram o visual descolado, a potência do motor e até o fato de ser um dos sedãs médios mais comercializados do EUA (em fevereiro foi o mais vendido) para nos desmentir.

 

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Vale dizer que a nossa afirmação foi baseada em um estudo da própria marca para o mercado brasileiro. Durante a apresentação aos jornalistas, a Nissan classificou o comprador do sedã como sendo: homem, acima dos 45 anos, bem sucedido profissionalmente, conectado e que busca se diferenciar na compra de um automóvel.

 

Para saber quem estava certo, a Nissan ou alguns dos internautas, resolvemos fazer um teste mais longo com o sedã: rodar por 1.000 quilômetros com o modelo.

 

A avaliação do Altima não começou muito bem. De cara, o sedã perdeu um dos pontos destacados durante o seu lançamento em novembro passado, o preço agressivo frente à concorrência. 

 

O modelo passou de R$ 99.800, na época do lançamento, para R$ 106.900 (preços de tabela). Uma elevação de 7% em pouco mais de quatro meses. A concorrência também se adaptou à chegada do Altima. O Ford Fusion, por exemplo, parte hoje de R$ 97.990 (variação 2.5 Flex, de 175 cv) e ainda é competitivo em preço na versão intermediária, quando adota o bom EcoBoost 2.0 (240 cv), por R$ 105.990.

 

Mesmo assim, o sedã japonês se mantém no páreo. A Honda, por exemplo, pede R$ 119.900 pelo novo Accord (2.4 16v de 175 cv) enquanto a Peugeot cobra R$ 111.990 pelo 508 (1.6 THP de 165 cv).

 

Potência

Um dos pontos destacados pelos internautas foi a vivacidade do motor 2.5 16V de quatro cilindros e 182 cavalos de potencia máxima. Durante o lançamento, o propulsor nos pareceu moroso em demasia. No papel, realmente o propulsor entrega mais cavalos do que o Honda Accord (175 cv) e o Ford Fusion de entrada (175 cv com etanol e 167 cv com gasolina).

 

Na velocidade máxima, o Altima se equipara ao VW Passat (que tem 211 cv) com 210 km/h, porém fica atrás na aceleração de 0 a 100 km/h, que é cumprida em 8,6 segundos pelo japonês contra 7,6s do modelo alemão. Ambos, porém, perdem para o Fusion EcooBost, que cumpre as duas medições, respectivamente, com máxima 240 km/h e aceleração em 7,3 segundos.

 

Para saber na prática como o Altima reage ao dia a dia enfrentamos uma viagem de 750 quilômetros entre a capital paulista e a região de Vassouras, no estado carioca.  

 

O Altima gosta de um bom asfalto. A 120 km/h o sedã de dimensões generosas (são 4,89 m de comprimento, um dos maiores de sua categoria) roda macio e sem fazer barulhos. O câmbio CVT (transmissão continuamente variável) trabalha em harmonia com o quatro cilindros 2.5 16v e cuida de manter as rotações abaixo das 2.000 rpm. A caixa auxilia também no consumo de combustível. Durante todo o percurso de estrada, o sedã se manteve próximo dos 11 km/l  (nas medições da Nissan o propulsor chega aos 13,1 km/l na estrada e 10,1 km/l na cidade). 

 

 

O bom consumo aliado a um tanque de combustível de dimensões avantajadas (são 68 litros) faz o sedã rodar, com tranquilidade, mais de 700 quilômetros sem precisar abastecer. Aliás, o consumo do Altima rendeu ao modelo nota A de consumo pelo Inmetro em sua categoria.

 

Porém, voltemos à questão da morosidade. Neste quesito, realmente o Nissan não empolga. Também não faz feito, é preciso dizer. Para se garantir em ultrapassagens em estradas vicinais é preciso apelar para o kickdown, recurso de pisar no acelerador até o final a fim de elevar as rotações do motor. O câmbio CVT entende a necessidade e se encarrega de despejar mais potência nas rodas. Por outro lado, não há possibilidade de fazer trocas manuais, falta as paddle shifts (conhecidas como borboletas) atrás do volante.

 

A suspensão multilink na traseira deixa o sedã estável nas curvas e filtra bem as imperfeições do solo. A Nissan afirma que foi preciso recalibrar a suspensão para as condições de piso brasileiras. O Altima está longe de se comportar como um esportivo. A pegada é de um sedã da diretoria.

 

Ponto Alto

Se por um lado o motor do Altima não chega a empolgar, por outrol lado o corforto extremo do banco do motorista é um convite às viagens longas. Chamado de Zero-Gravity (gravidade zero), as “poltronas” da frente foram desenvolvidas para ter o máximo contato com as costas do seu ocupante.  De acordo com a Nissan, elas foram desenvolvidas seguindo pesquisas feitas pela NASA (agência aeroespacial americana). O fato é que o assento mantém o motorista descansado mesmo tendo dirigido por horas. São nada menos que 10 regulagens elétricas, além de aquecimento e revestimento em couro.

 

Também contribui para o relaxamento o bom conjunto de som da marca Bose, com nove alto-falantes espalhados pela cabine.

 

Segurança

Um dos equipamentos que também merece destaque no sedã é o Lane Departure  Warning, que é o monitoramento de mudança de faixas. Um aviso sonoro é emitido sempre que se muda de faixa sem dar seta.  O equipamento é bastante útil para educar o motorista. No painel, um alerta pisca simultaneamente. Durante o teste, algumas vezes o equipamento não emitiu sinal. Porém, a culpa vai para as nossas estradas, que muitas vezes não conta com a sinalização adequada.

 

Também voltado para a segurança há o monitor de ponto cego. Um aviso luminoso se acende no retrovisor lateral para informar que um carro está no ponto cego do motorista.  O recurso é bastante útil na estrada, mas em uma cidade como São Paulo, onde os motociclistas costumam passar a todo momento, o recurso chega a irritar.

 

A parte da segurança do Altima é realmente um ponto alto do sedã. O modelo conta com airbags frontais para motorista e carona, laterais e de cortina, além de controle de estabilidade, de tração e freios ABS com controle eletrônico de frenagem e assistência de frenagem.

 

A lista de equipamentos de série do Altima (que não conta com opcionais) inclui ainda piloto automático, retrovisor interno eletrocrômico, teto solar elétrico, lanternas traseiras de LED, seis airbags, ar-condicionado digital bizone, câmera de ré e central multimídia de sete polegadas com navegador. Este último não é tão intuitivo e com alguma recorrência falha em traçar o percurso desejado.

 

A lista de equipamentos é farta, mas está apenas na média da concorrência ( vale lembrar que estamos falando de um carro que aqui custa mais de R$ 100 mil). Falta, por exemplo, o piloto automático adaptativo (que se adapta a velocidade do carro que vai a frente) presente no rival Fusion, por exemplo.

 

Conquista pelo conforto

O Altima sem dúvida é um forte concorrente em seu segmento. Não foi a toa que o modelo chegou ao topo de vendas em sua categoria no concorrido mercado norte americano. Temos que concordar com a Nissan que posicionou o seu sedã com foco em pessoas acima de 45 anos. O Altima cativa pelo conforto com seu rodar macio e os ótimos bancos dianteiros. É um carro para tiozões exigentes sim.

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