Citroën C4 de cinco portas vem completo por R$ 75,5 mil

- A Citroën não tem a menor pretensão de copiar sua rival francesa, a Renault, em oferecer um carro bem equipado e amplo por um preço baixo, como acontece com o Logan. Em todo caso, em segmentos mais luxuosos e caros, a receita é quase a mesma. Isso é evidenciado no novo C4 de cinco portas em sua versão mais completa, a Exclusive BVA, com câmbio automático. Equipada com todos os opcionais que poderia ter, ela sai por R$ 75,5 mil.

Esse valor inclui, além de sistema de som com comandos no volante, ar-condicionado digital, direção elétrica e vidros elétricos em todas as portas, itens que são quase padrão no segmento de hatches médios, câmbio automático, rodas de liga-leve de aro 16”, seis airbags, ABS e os opcionais faróis de xenônio direcionais, banco do motorista com regulagens elétricas, controle de tração, sensores no pára-choque dianteiro, alarme e retrovisores externos eletricamente rebatíveis. Considerando o conteúdo do carro, ele é a opção mais barata do mercado com esse nível de equipamentos.

Só com os itens de série ele já sairia barato, mas aqui começam os problemas deste novo Citroën. Mais uma vez seu preço tem uma definição estranhíssima. Ele custa R$ 68,8 mil, mas não tem pintura sólida, só metálica, que custa R$ 800. Assim sendo, seu preço básico deveria ser R$ 69,6 mil. A não ser, é lógico, que a Citroën arranque a pintura do carro para vendê-lo ao consumidor por R$ 68,8 mil. Ver essa cena em uma concessionária da marca será interessante...

É evidente que o C4 tem concorrentes de peso, como o Ford Focus Ghia com câmbio automático, que custa R$ 69.385, mas o modelo da Ford não traz faróis de xenônio, só tem dois airbags e seu câmbio automático, de quatro marchas, tira todo o brilho do belo motor Duratec, que ainda não é flex.

O C4 tem um câmbio automático que, apesar de também ter só quatro marchas, respeita o motor 2-litros de 143 cv com gasolina e de 151 cv com álcool. Em suma, o conjunto mecânico do modelo de origem francesa o destaca diante do da Ford. É possível que, com câmbio manual, a competição entre os modelos fique mais equilibrada, especialmente quando o Focus receber o motor 2-litros flex, que já está no EcoSport.

Ao volante

Se vem muito bem equipado, o C4 de cinco portas pena com as mesmas questões que afetam os outros modelos da linha. Um deles são as portas pesadas demais, que atrapalham a saída em lugares inclinados.

O outro são os balanços, em especial o dianteiro. Com a frente longa e baixa, o C4 é mais carinhoso do que alguns líderes religiosos, que beijavam o chão em cada visita a um novo país. O C4 beija o chão a cada valeta, lombada ou saída de garagem, não importa a que velocidade.

Um sistema que faria muitíssimo bem ao motor 2-litros do C4 seria o de pré-aquecimento do álcool presente no VW Polo E-Flex. Isso porque o C4 até pega fácil, devido ao tanquinho de gasolina, mas os primeiros minutos de funcionamento do motor, em clima não muito frio pela manhã, dão a impressão que o carro pode morrer a qualquer minuto. No inverno, isso deve se tornar mais evidente. O equipamento da Bosch presente no Polo continua aquecendo o álcool até o funcionamento do motor se tornar mais regular.

Em sua temperatura normal de funcionamento, o C4 com câmbio automático e álcool no tanque é quase irrepreensível. Acelera com vontade ao menor toque do acelerador, freia com obediência e em distâncias bastante curtas. Em curvas fortes, o C4 mostra que o brilho que lhe falta diante dos péssimos pisos de nossas ruas tem algumas compensações. Ele não chega a ser brilhante como um Honda Civic SI, mas não decepciona.

O C4 também se dá muito bem em termos de conforto. Há um bom espaço para motorista e passageiros, ainda que os de trás fiquem melhor se apenas duas pessoas estiverem viajando. O terceiro passageiro, como quase sempre, sofre entre os outros dois.

No porta-malas, os 320 l de espaço não fogem ao padrão do segmento Dão conta de bastante bagagem, mais do que qualquer viagem de férias razoável demandaria. Pequenas mudanças, colchonetes, roupas de cama e outros precisarão de um porta-malas mais parrudo.

O que deve ser mais valorizado no carro é sua excelente ergonomia. O banco do motorista, com suas regulagens elétricas completas nada daquela enganação de um comando só, permitem o melhor ajuste de posição da maneira mais cômoda e preguiçosa, é verdade, mas quem disse que preguiça é ruim?. O volante tem regulagem de altura e distância.

Apesar de o centro fixo do volante ser um pouco estranho, no início, os comandos que ele traz ajudam bastante. Rádio, controlador e limitador de velocidade e até o comando do telefone celular, com o Bluetooth integrado ao sistema de som, estão muito acessíveis. Será difícil alguém tirar os olhos do trânsito para qualquer uma dessas operações, mas é preciso um certo tempo de aprendizado. Nada que muitas consultas ao manual de instruções e paciência não resolvam.

Pelo pacote de equipamentos que oferece e pela modernidade de seu desenho, o C4 surge como uma das melhores opções do segmento de hatches médios. Pelo menos é a que menos corre riscos de mudar pelos próximos três anos, algo de que poucos modelos do segmento podem se gabar.

FICHA TÉCNICA – Citroën C4

MOTOR	Quatro tempos, quatro cilindros em linha, transversal, quatro válvulas por cilindro, refrigeração a água, a gasolina, 1.997 cm³
POTÊNCIA	151 cv álcool e 143 cv gasolina a 6.000 rpm
TORQUE	212 Nm álcool e 200 Nm gasolina a 4.000 rpm
CÂMBIO	Automático de quatro velocidades
TRAÇÃO	Dianteira
DIREÇÃO	Por pinhão e cremalheira; eletro-hidráulica
RODAS	Dianteiras e traseiras em aro 16”,de liga-leve
PNEUS	Dianteiros e traseiros 205/55 R16
COMPRIMENTO	4,26 m
ALTURA	1,46 m
LARGURA	1,77 m
ENTREEIXOS	2,61 m
PORTA-MALAS	320 l
PESO em ordem de marcha	1.292 kg
TANQUE	60 l
SUSPENSÃO	Dianteira independente, tipo McPherson; traseira com eixo de torção
FREIOS	Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
CORES	Bleu de Chine azul, Gris Aluminium prata, Gris Cendrè pérola, Gris Fer cinza, Perla Nera preta e Rouge vermelha
PREÇO	R$ 75,5 mil como avaliado

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