Apontado como luxuoso, Ford Edge, disso, só tem o preço

Importado do Canadá, crossover chega ao Brasil a partir de R$ 149, 7 mil


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Gustavo Ruffo
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Niagara Falls, Canadá - Você, caro leitor, já sabe que o Edge custa quase R$ 150 mil até mais, com teto duplo. Também já sabe que esse preço é um bocado alto pelo que ele oferece, desconsiderando a parte subjetiva. É certo que sempre haverá um apaixonado pelo porte e pelo desenho do crossover, alguém que considerará qualquer valor justo, mas uma análise cuidadosa e fria dirá o contrário. Assim sendo, como anda o Edge? O que ele oferece que pode convencer o comprador a gastar R$ 150 mil? Vejamos.

Para começar, a experiência de andar em um veículo no exterior só é válida quando se trata do lançamento mundial de um modelo que será vendido no Brasil. Com isso, o jornalista pode adiantar ao consumidor, em parte, o que ele pode esperar do carro. Dizemos em parte porque as condições de piso, combustível e dirigibilidade são sempre muito diferentes das que serão encontradas no Brasil.

No caso do Edge, ele já não é novidade nem no Brasil, onde foi mostrado no Salão do Automóvel de 2006. Testá-lo no Canadá foi uma experiência muito enriquecedora para quem escreve este texto, mas não trouxe os subsídios necessários para uma avaliação mais apurada. Como ele, com seus 2,22 m de largura contando retrovisores; sem eles, o número cai para 1,93 m, se comporta nas estreitas faixas de uma cidade grande brasileira? Como resiste aos piso capenga? Aderna muito nas curvas fechadas e malfeitas de muitas de nossas estradas? E a gasolina com álcool, como ele reage a ela? São todas elas dúvidas que foram conosco a Toronto, no Canadá, e voltaram na bagagem.

Do ponto de vista do leitor, melhor seria a Ford ter oferecido um test-drive do carro no Brasil. O mesmo se aplica à Chevrolet, que levou os jornalistas brasileiros ao México para conhecer o Captiva e apresentou um carro com especificações mexicanas, em vez de brasileiras.

Em todo caso, sendo o que havia para o momento, o carro já nos deu a idéia de alguns detalhes que, para o consumidor brasileiro, servirão certamente de balizamento na decisão de compra.

Luxuoso, pero no mucho

A Ford iniciou a apresentação do Edge dizendo que o crossover é destinado a clientes que apreciam o “novo luxo”. Seriam pessoas que não ligam para marcas, mas sim para o que seus bens proporcionam. A bem da verdade, o Edge é voltado a este mercado apenas pelo valor pelo qual será vendido no Brasil. Quem busca luxo, mesmo, vai optar por outro veículo.

Isso porque, apesar de ter regulagem elétrica dos bancos, com duas memórias de posição, o Edge só a oferece para os assentos. Os encostos dos dois bancos só têm ajuste manual, assim como o volante. Assim, o que seria vantagem acaba sendo um problema. De que adianta a regulagem do assento estar na memória se o encosto e o volante darão ao motorista o mesmo trabalho de ajuste? Regulagem elétrica, se não for completa, vira perfumaria.

Em termos de acabamento, o Edge o apresenta com boa qualidade, mas com uma simplicidade que fica bem para os 35 mil dólares canadenses pelos quais ele é vendido em seu país de origem, algo na casa dos R$ 65 mil. Para o brasileiro, ele custa mais do que o dobro. Logo, deveria ser duplamente mais luxuoso. E não é. Nem as rodas cromadas dos modelos avaliados no Canadá o vendido no Brasil terá. As dele, de aro 18”, serão comuns, mesmo.

Apesar de ter um grande entreeixos 2,82 m, o espaço atrás não é dos melhores. O teto é baixo, assim como o assento. Passageiros baixos não reclamarão tanto, mas quem tem mais de 1,70 m ficará com as pernas arqueadas, sem apoio para as coxas, e com a cabeça incomodamente perto do teto. Nem o teto solar duplo diminui a sensação de falta de espaço.

Outro problema é o fato de o banco ir para trás quando o carro é desligado, para permitir um acesso mais fácil ao motorista. Quando é dada a partida, ele retorna à posição ajustada na memória. Isso soa a sofisticação se o motorista for sempre o mesmo. Se um motorista alto pegar o carro depois de um baixinho, soará a castigo. O banco vai pressioná-lo contra o volante e os pedais.

O Edge leva até cinco passageiros. Considerando suas dimensões, o quinto passageiro deveria viajar com comodidade, mas seu assento serve como apoio de braço, quando recolhido. Se isso não lhe dá a idéia exata do conforto ou falta dele reservado ao quinto “elemento”, você deve experimentar ficar no meio do banco traseiro durante uma viagem longa. Garantimos que você e suas costas e pernas nunca mais vão esquecer.

Por fim, o Edge tem um porta-malas de 908 l até o teto. Acontece que poucas pessoas usam um porta-malas até o teto no Brasil, especialmente o comprador de um carro de luxo. O que este público espera é privacidade para suas bagagens e compras, algo que o Edge não oferece. Não há cobertura de porta-malas, nem mesmo uma de lona, só para esconder o conteúdo, mesmo.

Ao volante

Com tudo isso em mente, como o Edge reage quando está em movimento? Só para esclarecer, ele é chamado de crossover porque misturaria características dos SUV com o comportamento dinâmico de um automóvel. E ele realmente anda como um automóvel, só que um norte-americano, daqueles com mais de duas toneladas de peso.

Quando é acelerado, o Edge até responde rápido, auxiliado por seu bom motor V6 3,5-litros de 269 cv e 339 Nm e por seu câmbio de seis marchas, mas seus 2.026 kg em ordem de marcha se fazem sentir.

Não foi possível avaliar se ele encara curvas muito bem devido às excelentes estradas canadenses, muito lisas, retas e um tanto chatas, com limites muito baixos de velocidade no máximo 100 km/h. Tudo indica que a suspensão é até bem firme, mas só teremos certeza quando o Edge puder ser dirigido em solo brasileiro. Em todo caso, a Ford prefere não dar sopa para o azar e limita a velocidade do crossover em 180 km/h.

A frenagem de carros automáticos costuma ser muito boa e quase imediata, mas a do Edge leva um tempo além do que se gostaria de esperar, em alguns casos. É preciso pisar bastante para sentir que o carro está parando. Enfim, duas toneladas não são 900 kg...

A visibilidade é boa, com excelentes retrovisores, a posição de dirigir é fácil de encontrar e o carro, descontados os problemas que já citamos, se mostra um bom companheiro de viagens. Os dados de consumo no Brasil não foram fornecidos, mas não espere que este monstrão de quase cinco metros, duas toneladas e motor V6 seja comedido. No Canadá, ele faz 7,4 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada.

Gustavo Henrique Ruffo viajou ao Canadá a convite da Ford do Brasil


FICHA TÉCNICA – Ford Edge

MOTORQuatro tempos, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro, refrigeração a água, a gasolina, 3.496 cm³
POTÊNCIA269 cv a 6.250 rpm
TORQUE339 Nm a 4.500 rpm
CÂMBIOAutomático de seis velocidades
TRAÇÃOIntegral permanente
DIREÇÃO Por pinhão e cremalheira; hidráulica
RODAS Dianteiras e traseiras em aro 18”,de liga-leve
PNEUS Dianteiros e traseiros 245/60 R18
COMPRIMENTO 4,72 m
ALTURA 1,75 m
LARGURA 1,93 m com retrovisores, 2,22 m
ENTREEIXOS 2,82 m
PORTA-MALAS 908 l até o teto
PESO em ordem de marcha 2.026 kg
TANQUE76 l
SUSPENSÃO Dianteira Independente , tipo McPherson,; traseira Independente, tipo Multilink, com barra estabilizadora
FREIOS Discos ventilados na dianteira e na traseira com ABS, EBD, AdvanceTrac e RSC Roll Stability Control, contra capotamentos
CORESBranco, preto, prata, cinza, vermelho e azul
PREÇO R$ 149,7 mil versão de entrada e R$ 158,53 mil
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