Primeiras impressões: CAOA Chery Tiggo 2

SUV mantém escrita de carros chineses: custo-benefício é destaque, mas há vacilos estruturais e mecânicos

  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. Primeiras impressões: CAOA Chery Tiggo 2
Lukas Kenji
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

A CAOA Chery não estreou do jeito ideal. O Tiggo 2 é uma promessa antiga feita pela operação chinesa e ainda carrega tropeços nas partes mecânica e estrutural. Mesmo assim, o modelo já mostra interferências positivas da empresa brasileira (que também tem parceria com a Hyundai), enfatizadas na calibragem da suspensão e no bom acabamento interno.

O custo-benefício famigerado dos modelos chineses continua. A versão de entrada Look custa R$ 59.990 e vem com ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos, rodas de liga-leve de 16 polegadas, sensor de estacionamento traseiro, DRL (luz de uso diurno) e bancos com sistema Isofix para cadeirinhas infantis.

Mas a reportagem testou a configuração topo de linha ACT, que sai por R$ 66.490, e agrega teto solar, central multimídia com tela sensível ao toque de 8 polegadas com sistema Android Auto e Apple CarPlay, controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa, volante multifuncional em couro, piloto automático e ar-condicionado automático.

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas
Modelo é fabricado em Jacareí (SP)
Modelo é fabricado em Jacareí (SP)
Crédito: Divulgação
toggle button

Sob o capô está o motor 1.5 flex de 110 cv, com gasolina, e 115 cv, com etanol a 6.000 rpm. Ele é o mesmo utilizado no Celer, e rende ainda 13,8 e 14,9 kgf.m de torque a 2.700 rpm – note como o uso do combustível derivado da cana-de-açúcar otimiza bastante o desempenho. A diferença também é gritante quando o assunto é consumo, só que pelo lado negativo. Com etanol, o modelo faz 7,7 km/l em ciclo urbano e, 8,5 km/l na estrada. Já na gasolina a relação é de 10,9 e 12,3 km/l.

Na prática, este consumo exagerado é facilmente explicado. A 120 km/h, o motor gira na casa dos 3.500 rpm, ou seja, lá em cima. Outro problema é que isso gera bastante ruído, que invade com gosto a cabina. A impressão que fica é de que o motor pede um câmbio de seis marchas.

Porém, a caixa atual é manual de cinco velocidades. Ela tem engates precisos e não fica balançando quando engatada ao contrário dos Chery de outrora. Fica a dúvida para descobrir como é o desempenho em vias urbanas, uma vez que o teste teve apenas 20 quilômetros de estrada.

Uma caixa automática já está no radar da fabricante. Foi prometida para daqui a dois meses. No entanto, tem apenas quatro velocidades. A experiência com este tipo de câmbio nos faz crer que ela não tenha funcionamento desenvolto, mas esperamos o contrário seja provado.

Chery Tiggo 2
Acabamento interno é ponto forte do SUV
Crédito: Divulgação
toggle button

A rodagem também é prejudicada pelo torcionamento excessivo da carroceria em curvas de alta velocidade, o que não transmite nenhuma segurança aos ocupantes. Por outro lado, a suspensão atua bem na absorção de impactos.

Mas o ponto positivo da dirigibilidade é a posição alta de guiar, que agrada bastante aos amantes de SUVs. E não é só impressão, o carro realmente é altinho. Tem 1,57 m de altura, sendo que o vão livre do solo é de 186 mm. O vacilo, por outro lado, é a falta de ajuste de altura da coluna de direção.

Chery Tiggo 2
Estrutura da porta denota fragilidade
Crédito: Lukas Kenji / WM1
toggle button

Só que o maior defeito do Tiggo 2 está na parte estrutural, quesito cujo a maioria das modelos chineses ainda derrapam. O nível de ruído dentro da cabine é alto, mesmo com as otimizações que a CAOA Chery informou ter feito. Não é tão grave quanto a junção das portas, que ainda possuem o arcaico sistema de pinos. Elas tornam a abertura do componente mais pesada e acusam fragilidade.

Nem parece que esta estrutura foi feita pela mesma marca que desenvolveu o acabamento interno do SUV. O Tiggo 2 tem diversos materiais plásticos, mas eles são de boa qualidade ao toque, principalmente aquele que permeia o console central. Não são visíveis também rebarbas ou encaixes de peças malfeitos.

Painel de intrumentos mostra nível de pressão dos pneus
Painel de intrumentos mostra nível de pressão dos pneus
Crédito: Divulgação
toggle button

Quanto ao entretenimento, a central multimídia funciona bem. É intuitiva e os aplicativos fluem tranquilamente. Já o painel de instrumentos, por sua vez, traz como informação mais destacada a pressão de cada pneu. Tal dado é importante, mas ocupa espaço grande do cluster. Deveria haver mais opções de configuração da tela.

Outro problema da viagem é o espaço apertado para quem vai atrás. É certo que o Tiggo 2 quer ocupar a lacuna de clientes existentes entre os hatches compactos até os utilitários compactos, mas os 2,55 m de entre-eixos derivados do SUV de 4,20 m de comprimento não foram suficientes para abrigar os passageiros traseiros numa boa. Já os 420 litros de bagageiros podem ser considerados razoáveis para o segmento.

Porta-malas tem 420 litros
Crédito: Divulgação
toggle button

Também é boa a oferta de pós-venda do primeiro modelo da CAOA Chery. O modelo tem ainda revisão a preço fechado, sendo que o valor para as seis primeiras revisões é de R$ 2.759. O modelo tem três anos de garantia para o veículo completo e cinco anos para motor e câmbio.

A fabricante garante ainda que vai oferecer oferta rápida de reposição de peças, oriundas de um galpão localizado em Barueri, na Grande São Paulo. A marca ratificou ainda que ocupa sempre as primeiras posições do índice Car Group, que analisa a facilidade de reposição de peças de um veículo.

Tiggo tem cinco opções de cor de carroceria
toggle button

Em suma, o Tiggo 2 mantém a escrita das montadoras chinesas. Apresenta vacilos em termos mecânicos e estruturais, mas vai muito bem em custo-benefício. O quesito segurança permanece uma incógnita, embora o carro mereça elogios por ter Isofix e cinto de três pontos para todos os ocupantes. O fato é que a segunda geração do SUV melhorou muito e deixou de ser uma cópia piorada do Toyota RAV4. Mas será que vale a pena comprar um carro para a família na casa dos R$ 60 mil sem câmbio automático? É necessário um teste mais profundo do modelo, principalmente em vias urbanas.

Comentários